sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O mundo obscuro do tratamento de pessoas portadoras de transtornos mentais

Por Adriana Ishikawa

Imagem: cena da novela Amor à Vida

A distorção sobre os transtornos mentais vem desde a Grécia antiga, onde a doença era associada aos fatores sobrenaturais e as questões fisiológicas, atreladas ao ato sexual. Esse pensamento laico que prosseguiu durante anos na história da “loucura” e junto  a ele associados aos vários tratamentos agressivos, como a lobotomia, eletrochoque, trepanação, entre outros procedimentos que não havia comprovações científicas de sua eficácia.

Esses tratamentos ministrados também eram vistos por Michel Focault como métodos invasivos, o teórico tinha uma analogia sobre a “loucura” que era tão injetada de forma estereotipada pela sociedade que se perdeu o discernimento do quão ruim era a forma de tratamento para a doença mental.

Então, na década de 70, o psiquiatra Franco Basaglia, iniciou na Itália, a Reformulação na Psiquiatria, porém somente efetivada no Brasil aproximadamente pouco mais de dez anos, na década de 80. Esse movimento, conhecido como A Luta Antimanicomial, vem gerando mudanças sociais e políticas na área da saúde mental. Contudo, em pleno século vinte e um, ainda existem hospitais psiquiátricos que trabalham com alguns tratamentos tradicionais, tal fato foi apresentado na novela Amor à Vida, onde a emissora apresentou cenas em que a protagonista da novela era internada em um hospital psiquiátrico e sofrendo altas dosagens de medicamentos, além do choque elétrico.

Entretanto, esse modelo manicomial vem sendo substituído pelos Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) e atualmente há mais 1.800 CAPS distribuídos em todo território nacional, neles uma junção de ofertas e linhas de cuidados são realizadas em parceria com uma rede de Núcleo de Atenção, a fim que o portador de transtorno mental realize seu tratamento de acordo com suas necessidades.

Com o apoio de uma equipe multidisciplinar, consistindo de psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, terapeutas e assistentes sociais e profissionais que atuam na área da saúde mental, o acompanhamento tem como intuito a possibilidade do paciente conviver em sociedade, livremente.

O Anuário Estatístico da Previdência Social realizou uma pesquisa em 2011, onde foram apontados que mais de 211 mil pessoas sofrem de transtornos mentais na cidade de São Paulo, sendo que são de total direito a melhor forma de tratamento do sistema de saúde (SUS), visando alcançar sua recuperação pela inserção no âmbito familiar, trabalho e comunidade, além de serem tratados em ambientes terapêuticos, através de meios menos invasivos possíveis, como retrata a Lei 10.216, sancionada em 6 de abril de 2001.

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